Ele segue na vida,desordenado.
Certo ou errado?
Escravo.
Na chibata, no açoite.
Na mescla do prazer e dor.
Corpo maltratado,mente lesada.
Olhos profundos.
Carrega a dor-do-mundo.
Poço profundo.
Tristeza que dá.
Meu amor é impotente,insuficiente.
Como água escorrendo entre dedos,vou perdendo o garotinho que trouxe ao mundo.
Um homem.
Atormentado,desorientado,hoje.
Com mais quedas,que superações.
Sofre.
Eu sofro.
E assisto um caminho,que terá fim ...
Se trágico,não sei.
Quisera eu,como mãe,ter poderes ...
E choro,mesmo querendo ser forte.
Sou frágil.
Sua dor é minha.
Como carregar uma montanha nas costas ...
E os ombros,doem... a alma dói profundamente.
Hoje disse às outras mães do grupo ... estou mal.
Por mais que eu entenda,nada entendo.
E, também recaio.
E digo,que volta e meia,penso: - onde errei?
E sei que elas também sofrem.
E vejo os homens,pais,cabisbaixos.
Hoje,coube no salão da igreja,um bando de derrotados.
Atormentados,desiludidos ... somos.
E muitos enxugando lágrimas,oramos e cantamos louvores,buscando no fundo,lá no mais profundo,motivos,para acreditar em milagres.
Assim somos.
Já carimbados,Co-Dependentes.
Assim também nos arrastamos ...
Nesta sala,abrigo,as nossas queixas.
Então...escutei atentamente o depoimento de um pai.
Aliviado estava,porque tinha conseguido a internação do filho.
Pensei comigo ...
(Tomara que dê certo.
Já vi este filme antes ...)
Mas dizer o quê a esse homem?
Tirar dele esperanças?
E penso agora ... se dependesse de mim...exatamente hoje ...queria obter um milagre.
Quero crer,que ainda possa haver mudança.
Sou Mara,mãe de um dependente químico.
Hoje,engasgada.
Mas ... "só por hoje"!
Quando Criar Faz Parte / Por Tata Junq
